quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Fisiologia do Bonsai

Fisiologia do Bonsai

O Bonsai é uma árvore plantada em uma bandeja, cujo desenvolvimento não é interrompido, mas sim controlado e guiado de forma a se obter uma árvore saudável e estilizada. A estrutura física do Bonsai é igual a da árvore na natureza, mas o mecanismo do Bonsai é diferente, e por isso são necessárias técnicas adequadas para se obter às proporções e os objetivos desejados.

Raízes

As raízes das plantas, na natureza, crescem e se desenvolvem de acordo com as necessidades da planta e as condições do terreno, mas no caso do Bonsai, a árvore está confinada em uma bandeja rasa, com dimensões limitadas. A raiz, nessas condições tem seu crescimento restrito e conseqüentemente, o resto da planta tem seu desenvolvimento alterado.
Na natureza, grande parte das raízes serve para fixar a árvore no solo, enquanto nos Bonsai, as raízes de fixação podem ser reduzidas drasticamente. Esta poda de raiz é muito importante, pois promove a renovação da estrutura radicular da planta. Reduzindo-se a massa de raízes mais velhas no vaso, proporciona-se mais espaço para que as raízes novas e vigorosas se desenvolvam. Estas raízes novas e finas têm mais capacidade de absorver a água e os sais minerais, e, conseqüentemente, tornam a planta mais saudável. Na natureza, as árvores velhas apresentam muitas raízes superficiais, por causa da erosão, e no Bonsai este efeito deve ser buscado, expondo-se as raízes mais grossas.

Troncos e galhos

Os troncos e galhos das árvores na natureza têm seu crescimento e desenvolvimento determinado pela necessidade de se tirar o máximo de proveito da luz do sol e para superar outras árvores na competição por este espaço. Seu formato, direção e textura também sofrem influência das forças da natureza, como o vento, a chuva, os raios ou outros danos físicos, causados, por exemplo, por animais. Uma árvore plantada em uma bandeja parecerá apenas um arbusto se não for trabalhada através de diversas técnicas, como a poda e a aramação, para que se consiga o efeito da ação da natureza sobre a árvore.

Folhas

As folhas realizam as mesmas atividades tanto nas árvores plantadas no solo, como nos Bonsai, mas nestes, elas têm que estar localizadas, posicionadas, em quantidade e tamanho necessários para atender tanto a função fisiológica como a estética.
O tamanho, a quantidade, a localização e posição das folhas dependem, entre outros fatores, da água, dos nutrientes e da luz, que devem estar a disposição da planta de forma balanceada. Não há uma regra geral, uma vez que as necessidades variam de acordo com o clima, entre as diferentes espécies e estágio de desenvolvimento da planta. Porém, para se obter folhas menores, pode-se alterar a quantidade e freqüência da rega, da adubação e a exposição à luz. Para se obter os resultados pretendidos, também se usam a poda de folhas, ramos e galhos. A desfolha é uma técnica usada para se conseguir folhas menores e para controlar a grossura dos galhos.
As folhas refletem o estado de saúde da árvore. Quando estão inteiras, viçosas, se desenvolvendo bem, é sinal de que a planta, normalmente, está em boas condições, mas, no caso de apresentarem defeitos, manchas ou outros sinais, indica que algum problema pode estar acontecendo. Nas árvores de folhas caducas estes sintomas se apresentam rapidamente, enquanto na coníferas, demoram um pouco mais.

Flores, frutos e sementes

Assim como nas árvores plantadas no solo, podemos utilizar esta forma de reprodução para conseguir novas plantas, principalmente no caso de plantas difíceis de encontrar ou reproduzir de outra forma. Mas no Bonsai a principal função é estética. Deve-se controlar, através da poda, a quantidade e a localização, lembrando que uma quantidade muito grande pode sobrecarregar a planta.

Fisiologia da Árvore
A árvore é um ser vivo que pode ser comparado a um complexo industrial. Absorve do solo e do ar os elementos necessários, e com a energia do sol, através da fotossíntese, converte esses elementos em novas substâncias que são utilizadas pela planta para o seu crescimento, reprodução, reserva e manutenção. Este complexo pode ser dividido em várias partes interligadas, mas com funções específicas: raízes, tronco, galhos, folhas, flores, frutos e sementes.

Raízes

A raiz é o órgão dos vegetais superiores que os fixa no solo, absorvendo e transportando a água e os sais minerais do solo para as outras partes da planta. A raiz também estoca alimento processado (açúcar e amido) e produz hormônio. Na maioria das árvores jovens, a raiz pivotante (axial) é, geralmente predominante, principalmente em árvores produzidas a partir da semente. No caso de árvores produzidas por outros métodos, como a estaquia e a alporquia, a formação de raízes laterais é predominante. À medida que a árvore cresce, o sistema radicular se desenvolve em todas os sentidos. As raízes mais grossas são responsáveis pela fixação da árvore, pelo transporte de substâncias e pela estocagem de alimento, e as raízes mais finas, são responsáveis pela absorção e transporte da água e dos nutrientes presentes no solo. Numa raiz, da extremidade à base, encontramos sucessivamente as seguintes camadas:
  • extremidade exploradora, que contorna pedregulhos, procura umidade, evita contato com tóxicos, etc., é revestida por uma coifa que a protege do desgaste;
  • zona de crescimento, onde as células se multiplicam e se alongam;
  • zona dos pêlos absorventes, com numerosos pêlos, unicelulares, responsáveis pela absorção da água e dos sais minerais;
  • zona condutora, que contém os vasos nos quais circulam a seiva bruta (em direção às folhas) e a seiva elaborada, que alimenta a raiz ou é estocada.

As raízes geralmente vivem em simbiose com fungos (mycorrhizae). Estes fungos vivem ao redor das raízes, às vezes penetram nelas, auxiliando e aumentando a absorção na superfície das raízes. Eles podem tornar certos minerais acessíveis às raízes. Em compensação, o fungo obtém energia dos alimentos estocados na raiz. Esta associação da planta com o fungo específico é muito importante para o desenvolvimento e para a saúde da planta.

Troncos e Galhos

O tronco é o caule, parte entre as raízes e os galhos. Os galhos brotam do tronco, se ramificam e geralmente neles brotam as folhas e flores (que também brotam no tronco). O tronco e os galhos exercem diversas funções, sustentam e posicionam a copa e transportam a água e os sais minerais extraídos pelas raízes (seiva bruta) até as folhas, e redistribuem as substâncias transformadas pelas folhas (seiva elaborada) para todas as partes da árvore e estocam reservas. O tronco e os galhos podem ser divididos nas seguintes seções:
  • a casca, que é a camada externa da árvore e consiste num tecido de cortiça que conserva a umidade e protege as camadas internas da madeira contra insetos, vento, frio, calor e contra ferimentos;
  • líber (Floema), conduz a seiva elaborada das folhas para outras partes da árvore, indo até a raiz;
  • o cambio, composto por uma fina camada entre o lenho e o líber, produz células destas duas camadas e é responsável pelo crescimento no diâmetro do tronco e dos galhos. Quando a árvore é ferida ou quando um galho quebra, as células do cambio gradualmente formam um calo, cicatrizando e eventualmente fechando a ferida, produz novas brotações de galhos e raízes;
  • lenho (xilema), madeira fisiologicamente ativa que transporta a seiva bruta das raízes para as folhas, e também armazena substâncias elaboradas pelas folhas. Esta camada está localizada entre o cambio e o cerne;
  • cerne, madeira fisiologicamente inativa e dura, localizada na parte central do tronco e dos galhos, cuja finalidade é a de sustentar a árvore.

Folhas

A folha é o órgão vegetal responsável pela fotossíntese, pela respiração e pela síntese de diversas substâncias como enzimas e hormônios. Além disso, as folhas transpiram água, protegendo-as do calor excessivo e permitindo o movimento de ascensão da seiva bruta. Os tecidos das folhas são altamente especializados, sendo compostos por células contendo vários pigmentos. A clorofila, que é um de seus pigmentos, só é formada na presença de luz. Ela está contida nos cloroplastos e tem a capacidade de capturar a energia da luz e usá-la através de complexas reações fotoquímicas, convertendo o dióxido de carbono (CO2) obtido da atmosfera e os nutrientes, absorvidos no solo pelas raízes ou na atmosfera, pelas próprias folhas, em compostos orgânicos como açúcar e amido.
As folhas se apresentam em diversos formatos, tamanhos, cores e texturas. A disposição das folhas nos caules e ramos pode ser chamada alternada, se cada nó tem apenas uma folha; oposta, se cada nó tem duas folhas inseridas face a face; verticulada, se cada nó tem mais de duas folhas. Elas também podem estar agrupadas todas na base (folhas em roseta) ou surgir em tufos, nos nós espaçados de um rizoma.
As folhas podem se apresentar quase verticais e com duas faces iguais, como nas monocotiledôneas, ou estenderem-se horizontalmente, como nas outras plantas vasculares. Neste caso, a face superior, mais clara, em geral, é recoberta por uma cutícula protetora, desprovida de aberturas e caracterizada pelo aspecto em paliçada de suas fileiras clorofilianas (tecido paliçádico) e pela cor de um verse intenso. A face inferior, que fica na sombra, tem numerosos orifícios (estômatos), sede das trocas gasosas, e fileiras celulares, lacunosas e menos ricas em clorofila, dão-lhe coloração mais pálida. As folhas podem ser caducas, geralmente descolorindo e caindo no período mais frio do ano (outono ou inverno), ou podem ser sempre verdes, e intactas por todo ano. As folhas sempre verdes também caem, mas duram por um período maior, que pode chegar a alguns anos. Após caírem, as folhas são decompostas por bactérias e fungos, enriquecendo o solo com elementos necessários à planta, num ciclo autônomo e contínuo.

Flores, frutos e sementes

A flor é o órgão das plantas que contém os aparelhos reprodutores. As flores podem variar em sua forma, cor, odor, tamanho e pode ser completa ou não. Uma flor completa é formada por quatro vertículos ou uma série de peças semelhantes: cálice, corola, gineceu e androceu.
O cálice é formado por peças chamadas sépalas, que geralmente são verdes. A corola é formada pelas pétalas, que em geral são coloridas. O conjunto formado pelo cálice (sépalas) e pela corola (pétalas) recebe o nome de perianto ou invólucro floral, e desempenha papel protetor. O androceu é formado pelos estames, cada qual composto por um filete que sustenta a antera, órgão reprodutor masculino, de onde provem o pólen. O gineceu ou pistilo é constituído pelos carpelos, terminado em estigmas, formando o órgão reprodutor feminino, cuja parte inferior (ovário) contém os óvulos. Se o gineceu ou o androceu tiverem alguma imperfeição, tem-se flores unissexuadas, masculinas ou femininas. A espécie é monóica se a planta apresentar flores de ambos os sexos, e dióica, no caso de apresentar apenas um.
Na origem de cada flor existe um botão floral, onde o cálice envolve e protege as demais peças. Quando a flor se abre, fica exposta a ação do vento, da chuva, das aves ou dos insetos, que transportam o pólen, realizando a fecundação do óvulo da própria flor ou de outra flor da mesma espécie. O ovário se desenvolve formando o fruto e os óvulos se transformam em sementes, as demais peças, em geral, morrem.
O fruto é o órgão vegetal resultante do desenvolvimento do ovário, depois da fecundação dos óvulos, que contém ou estão ligados às sementes. O fruto serve de órgão de proteção, reserva de água e sais minerais, durante o desenvolvimento das sementes e depois participa na sua disseminação.
A semente é o órgão que resulta da fecundação e desenvolvimento do óvulo e que está apta, depois da germinação, a reproduzir um novo indivíduo. A semente é portada por uma escama fértil, no caso das gimnospermas, ou encerrada num fruto, no caso das angiospermas. A semente compreende uma membrana, ou tegumento, e uma amêndoa. Certas sementes, após serem disseminadas, podem estar aptas a germinar, mas outras, no entanto, passam por um período de dormência antes de germinar.

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